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Trechos de artigos de Rudesindo Soutelo publicados en A Nosa Terra

A Nosa Terra

Rudesindo Soutelo (Arte Tripharia) ven de publicar artigos en A Nosa Terra especialmente interesantes para as persoas que consultan o noso Portal.

Artigo publicado em A Nossa Terra, 16-VI-2005,
e reproduzido aqui sob licença do autor para Arte Tripharia.
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O Bardo na Brêtema Rudesindo Soutelo

O nosso ronco som

A política musical praticada na Galiza nestes XVI anos de fragrância
popular não é absurda senão propositadamente antigalega, apesar dos
corifeus bem pagos que enaltecem qualquer patetice do poder que lhes
dá de comer. Nunca existiu um plano de promoção da nossa música senão mais bem de denigração. A programação musical das instituições públicas é sempre galeguicida. Apoiam mamarrachadas como os libidinosos roncos de pé da RBO que aliciam a obscena erótica do poder, e por cima no-la vendem como se isso fosse a tradição galega, para subliminarmente
enfraquecer a nossa autoestima e sibilinamente violar, humilhar e
destruir a nossa cultura. Na música culta detestam os compositores
galegos por elevação xenofílica apresentando sempre os de fora como
melhores, ainda que a realidade objectiva é que os temos tão bons e
maus como no estrangeiro e só nos diferencia a castrante política
cultural que padecemos.


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Artigo publicado em A Nossa Terra, 16-VI-2005,
e reproduzido aqui sob licença do autor para Arte Tripharia.
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O Bardo na Brêtema Rudesindo Soutelo

O nosso ronco som

A política musical praticada na Galiza nestes XVI anos de fragrância
popular não é absurda senão propositadamente antigalega, apesar dos
corifeus bem pagos que enaltecem qualquer patetice do poder que lhes
dá de comer. Nunca existiu um plano de promoção da nossa música senão mais bem de denigração. A programação musical das instituições públicas é sempre galeguicida. Apoiam mamarrachadas como os libidinosos roncos de pé da RBO que aliciam a obscena erótica do poder, e por cima no-la vendem como se isso fosse a tradição galega, para subliminarmente
enfraquecer a nossa autoestima e sibilinamente violar, humilhar e
destruir a nossa cultura. Na música culta detestam os compositores
galegos por elevação xenofílica apresentando sempre os de fora como
melhores, ainda que a realidade objectiva é que os temos tão bons e
maus como no estrangeiro e só nos diferencia a castrante política
cultural que padecemos.

O nacionalismo espanhol não só é imperialista, é excludente e
separatista porque não sabe conviver com outras culturas, as submete
ou extermina, e isso explica a disciplinada acção culturicida que
desenvolve na Galiza. A carta aberta às candidatas e candidatos,
enviada por correio electrónico às cabeças de lista dos principais
partidos só me foi respondida por Carme Adán e Quintana, o qual indica
a pouca cultura comunicativa dos políticos ou talvez o desprezo de
quem ousa incomodar com razões sem aceitar rações nem fatias. Contudo
surpreende ouvir Fraga, numa entrevista radiofónica para a maior
estação de rádio espanhola, SER, reconhecer que falamos "uma das
línguas mais estendidas do mundo que é o galego, português ou
brasileiro", quando ele é o principal promotor do artificial
separatismo linguístico do galego e português, e brutal anatemizador
dos que utilizamos a grafia internacional que nos permite
comunicar-nos com duzentos milhões de pessoas dos cinco continentes.
Estamos em batalha eleitoral e este habilidoso político, que ainda se
vanglória do seu passado de repressor fascista, responsável de
amordaçar os intelectuais, talvez pretenda atrair o voto dos que a sua
bota esmaga.

Após 29 anos de exílio musical forçoso, para manter a independência e
seguir crescendo, tomei a decisão de retornar a Galiza, sem qualquer
pretensão profissional mas também não para emudecer. No exílio criei
Arte Tripharia, editora de música que publica o Corpus Musicum
Gallaeciae, e que eu gostaria de radicar finalmente na Galiza. Mas
vendo o maltrato institucional e o dos poderes fácticos que agasalham
estes galeguicidas, dá vontade de vendê-la a uma multinacional para
que a maquinária do grande capital lhes aperte os parafusos à Rádio e
TV públicas galegas, ao IGAEM, e a todos os organismos públicos que
utilizam a nossa música ilegalmente e com prepotente desprezo do
trabalho dos autores. Estas bestas políticas ainda se alegrariam de
saber que os rendimentos do Corpus Musicum Gallaeciae vão ser
expatriados e assim se dificulta a publicação de novas obras de
autores galegos.

Mas para que queremos uma editora de música galega na Galiza se os
Conservatórios e Escolas de Música não se interessam pela nossa
música, nem tampouco as Orquestras nem as Bandas de Música, também não
os festivais de música e muito menos os de ópera, e por suposto que os
solistas e grupos de câmara também ignoram. E as instituições culturais
semi-públicas, ligadas às entidades financeiras, mimetizam servilmente
este disparate colonialista e aniquilador da nossa música. Uma
humilhação permanente onde os compositores temos que estar
constantemente a reclamar a nossa existência. O passado Sábado dia 11,
Fernando Neira publicava em Babelia, suplemento do jornal madrileno El
País, e dedicado à cultura galega, um artigo sobre a nossa música, mas
nele esquece mencionar que a música culta galega também existe, ainda
que seja silenciada, rejeitada, amordaçada, repudiada ou vilipendiada
pelo poder obscuro dos burranas. É um simples reflexo do acontecer
quotidiano.

Desde 1926 e até ao ano 2001 os direitos económicos gerados pelo uso do
Hino galego foram vilmente roubados por um editor que registrara um
plágio aproveitando que Pascual Veiga nem os seus herdeiros o tiveram
nunca registrado. Alertei a Junta do que estava a acontecer e ainda
tive que suportar uma bronca dum tal Homero por querer mudar a
história falsificada. Finalmente consegui registrar as versões
encomendadas pela Junta em 1985 ao compositor Rogélio Groba e que
constituiriam o germe do Corpus Musicum Gallaeciae. Os direitos
editoriais do Hino e mais da Antiga Marcha do Reino da Galiza
destinam-se agora a publicar a citada colecção e principalmente aos
compositores novos, ainda que a soma anual recebida não supõe mais do
que um 5 por cento dos investimentos.

Vai ser coisa de os compositores galegos se expatriarem no seio duma
multinacional, Hino inclusive, para que "o nosso ronco som" se
compreenda. "Mas só os ignorantes e férridos e duros, imbecis e
escuros não nos entendem, não."

© 2005 by Rudesindo Soutelo
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Nota: Os artigos publicados desde Setembro 2003 a Julho 2004 estão
editados por Arte Tripharia no Corpus Musicum Gallaeciae.

Catálogo de ofertas e liquidações em www.artetripharia.com


O Bardo na Brêtema 14-4-2005

A música do reaccionário

Exemplos de utilização reaccionária da música também abundam na
Galiza. Os Coros e Danças da Secção Feminina do Movimento fascista
espanhol impuseram uma estética colorista à brutal repressão cultural,
manipulando a música tradicional como objecto artístico
desideologizador do povo. Os herdeiros daquela política reaccionária
mantêm hoje esperpentos como a Liga de Bandas que capitaneia a Real
Banda de Gaitas da Diputação de Ourense. Reaccionária é também a
programação musical que faz a Junta da Galiza e mais as instituições
culturais porque tão-só procuram o êxito fácil e desprezam o avanço
social e das ideias, manipulando a massa no seu favor e excluindo
qualquer proposta nova ou integradora da cultura galega, como é
ignorar ou obstaculizar a difusão dos compositores galegos actuais.


O Bardo na Brêtema 21-4-2005

O cravo bem metacrilatizado

O artigo anterior suscitou muitos comentários e alguns leitores ainda
me acrescentaram exemplos de utilização reaccionária da música na
Galiza como em geral se faz na rádio e televisão, mas também nos Coros
e Bandas de Música ou mesmo nos Conservatórios. Não é um problema da
música senão do elevado número de reaccionários que nos rodeiam e
governam. Aí está a manobra deliberadamente reaccionária da Deputação
de Pontevedra para perverter a música tradicional com o objectivo
último de eliminar a nossa identidade como povo, de substituir os
nossos referentes por vistosas mamarrachadas alienantes de bandas
marciais. Ou a destruição da nossa língua que de ser universal e
falada nos cinco continentes a transformam num ridículo dialecto do
castelhano. O reaccionário sabe que a autoestima do povo é o principal
inimigo a combater.